WMT
por Rafael Campos Rocha
O trabalho de WMT estabelece padrões perspectivos variados num mesmo ambiente, sem, no entanto, desmentir a perspectiva prévia da arquitetura. Esses padrões não têm a crítica embutida de Richard Serra do espaço arquitetônico.
Nesse sentido, suas esculturas se aproximam mais das perspectivas auto-suficientes do ideal clássico das fenomenológicas e existenciais do sítio-específico.
Acontece que esses mesmos padrões perspectivos também se afastam da transparência e da tirania dos pontos de fuga centrais da arte da maior parte da Renascença. As peças se amontoam, nas suas tentativas de perspectivas individuais, como no furacão barroco. Elas têm, portanto, valor absoluto, ainda que, atravancadas, impeçam seu pleno desenvolvimento. Isso faz com que essas esculturas em forma de paralelepípedos interrompidos, numa relação quase familiar, necessitem umas das outras para completar o seu circuito lógico.
É nesse momento que a escultura de Wagner se aproxima da pintura, sem, no entanto, recorrer a algum picturialismo em moda. A escultura de Wagner Malta cria uma ficção, um lapso no tempo, uma narrativa meio fantástica em que as coisas, ora perfeitas e generosas, ora incompletas e atabalhoadas se relacionam nesses termos. Ou seja, ora pela generosidade, ajudando a completar o circuito lógico de sua vizinha, ora atrapalhando-a, para depois estender a mão. Elas criam esse “lugar para se ficar” – de que fala Paulo Pasta – no qual você assiste ao desenvolvimento do drama, se identifica com ele, mas a distância, o não estar lá, o salva da possível angústia de um certo envolvimento familiar.
O que joga esses trabalhos de vez no campo da escultura é sua vontade ascendente, que a fragilidade do material cisma em interromper. São idéias natimortas, corrompidas pelo peso da matéria. E é essa fé interrompida, essa fé sempre desmentida pela porosidade do fato, que faz grandeza e dignidade aos esforços de Wagner Malta Tavares.
WMT
by Rafael Campos Rocha
WMT’s work establishes various patterns of perspective in a single environment without denying the previous architectural views.
These patterns do not include Richard Sierra’s inbuilt criticism of architectural space. In this sense, WMT’s sculptures are closer to the self-sufficient perspective of classical ideal of phenomenological and existential site-specifics.
These same patterns of perspective also happen to distance themselves from the transparency and tyranny of the central vanishing points of the art throughout most of the Renaissance. Individual attempts of perspective by these pieces pile up as though in a baroque hurricane. They are, nevertheless, of absolute value, even if being stacked up detracts from their unbridled development. This means that, in interrupted cobblestones, each of these sculptures requires another to complete its logic, almost in a family-like relationship.
This is where Wagner’s sculpture is much like painting, but without having to fall back on any fashionable pictorialism. His sculpture creates a fiction, a lapse in time, an almost fantasy-like narrative. On these terms, things are sometimes perfect and generous, and sometimes incomplete and inconsiderate. That is, sometimes a piece generously allows its neighbor to come to its logical full circle, and at other times it blocks the path of its neighbor, to later extend it a helping hand. They create the “place to stay” as described by Paulo Pasta, in which you watch the developing drama and identify with it, but in which the distance, the fact of not being there, saves it from any possible anguish of familiar involvement.
What places these works squarely in the field of sculpture is their burgeoning will, which the fragility of the material is reluctant to interrupt. These are stillborn ideas, corrupted by the weight of the material. It is this interrupted faith, this faith that is forever unmasked by the drip-drip of fact, that brings greatness and dignity to the efforts of Wagner Malta Tavares.
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