Catapulta – Wagner Malta Tavares

Catapulta

2005

Catapult

Instalação
Acrílico, madeira, gesso, granito
Galeria SESC Avenida Paulista - São Paulo - Brasil
Foto: Denise Adams

Installation
Plassxiglass, wood, plaster, granite
SESC Gallery Paulista Avenue - São Paulo - Brazil
Photo: Denise Adams

Catapulta

Por Tiago Mesquita

Quando entalha volumes na pedra ou os molda no gesso, Wagner Malta Tavares parece raciocinar de maneira figurativa. Apesar da austeridade de suas formas e da objetividade de suas peças, suas esculturas atuam como se simulassem uma tensão física nos volumes. Eles parecem pulsar. Guardam do estatuário tradicional não apenas os procedimentos, mas também uma certa interioridade, que atribui àquelas rochas uma atividade. Diferente da tradição, no entanto, estas peças agem entre nós e não em um espaço ilusório e virtual.

Em um trabalho de 2001, exposto no Centro Cultural São Paulo, uma pedra de mármore entalhada puxava a parede através de cordas tensas de violão. A peça parecia se encolher. Esforçando-se para romper com a parede, mas a escultura não conseguia nada. Talvez porque não se tratasse de conseguir alguma coisa, mas de povoar o espaço de atividade.

A instalação Catapulta, que o artista expõe agora na galeria SESC avenida paulista, também prolifera, através de materiais alusivos, atividades paralelas a um espaço que repousa. Entretanto, a concentração de energia aqui é muito maior. O artista prende placas de acrílico e madeira em um painel que dá de frente para uma vitrine da galeria. Ele as verga contra o vidro, o chão e algumas peças de gesso ali dispostas. O lugar fica repleto de cores e intensidades luminosas dispersas. A tensão das lâminas parece indicar que o painel está na iminência de se tornar um redemoinho.

Ele se mantém estático, entretanto, e não por uma soma zero na relação de forças entre as peças. Embora existam correspondências cá e lá na tomada da parede, cores que repercutem umas nas outras, continuidades obscuras entre os elementos nas faces diferentes do painel, elas não ressaltam uma relação de forças que tende ao equilíbrio, nem uma desestruturação que aponta para a mesma direção.

Pelo contrário, as peças aqui, a cada visada, aparecem mais dispersas. Como nos trabalhos anteriores, as formas parecem atuar sozinhas, ao largo da estruturação espacial. Proliferam intensidades de luz desordenadas e autônomas.

Wagner Malta Tavares procura constituir a partir destes atos sem resultado efetivo (talvez por isso mesmo, aliás) relações que não tenham conseqüências previsíveis. Pois o artístico aí ocorre por todo o lado, sem direção marcada. Talvez esta seja uma forma de resistir à determinação marcada de um tipo de obra de arte que a todo tempo quer encontrar elementos de suas certezas no local onde o trabalho se instala.

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